A Retratação da Violência

Tipificação:

  • Violência doméstica
  • Violência infantil
  • Violência contra a mulher/Abuso Sexual
  • Bullying/Racismo/Violência Psicológica e desdobramentos (traumas)
  • Violência urbana/Criminalidade (assalto, sequestro, tráfico de drogas)
  • Violência policial
  • Racismo e intolerância
  • Justiça e Sistema penitenciário
Como se desenvolve o discurso midiático da violência:
  • Vitimização/Privação do direito de ser feliz

    Discurso de colocação da vítima como digna de sofrimento e piedade. Ao praticar um discurso através da vitimização, a mídia acaba por utilizar as outras modalidades descritas a seguir. A vitimização auxilia na centralização do espectador, através da sensibilidade. Recursos de câmera na televisão e de textos os outros veículos (como o uso exacerbado de adjetivos, por exemplo) são práticas desta composição. A vítima sempre será privada do direito de ser feliz por parte de seu algoz que, através de um discurso maniqueísta, acaba por ser somente o mal da história. Os casos de grande circulação são os mais assombrosos, como os parricídios, por exemplo. A vítima é sempre colocada numa posição de ingenuidade, de inferioridade diante da monstruosidade do agressor. 

  • Estigmatização (discurso científico enquanto voz de verdade - comprovação do estigma)

    Através dessa concepção, existe uma normatização do criminoso, uma padronização estigmatizante. Como complemento ao maniqueísmo citado anteriormente, estigmatiza-se que a vítima é o bem e o criminoso é o mal. Além disso, como consequência dessa estigmatização, por vezes, o monstruoso (de acordo com o grau do seu ato de monstruosidade) é visto como doente, como um indivíduo com níveis de loucura. É nesse contexto que se insere a voz de verdade da comprovação do discurso científico, da medicina. Criou-se uma ideia quase certa de que se o indivíduo tem traços de psicopatia, que podem ser apresentados desde a infância, por exemplo, deve ser tratado como um potencial criminoso. Concepções de enquadramento desses desvios psicológicos são vendidos em livrarias a quaisquer pessoas que tenham interesse em caracterizar um criminoso. Daí deriva-se toda a construção do ambiente social deste indivíduo, com explicações desde o ambiente familiar ao convívio social. 

  • Apologia à violência contra o criminoso - passagem do crime ao criminoso

    Para este caso é preciso atenção especial aos programas popularescos televisivos vendidos em todo o Brasil. São aqueles que trazem uma figura marcante de um apresentador, visto socialmente como um representante dos mais necessitados, alguém capaz de entrar na briga em busca de seus direitos. Muitos deles, inclusive, acabam pleiteando e conseguindo cargos públicos em eleições legitimas. O discurso acaba por caracterizando uma passagem do crime ao criminoso, ou seja, o crime deixa de ser o mais importante. Frequentes entrevistas com o objetivo de humilhar os bandidos ("dignos" dessa humilhação pelo simples fato de terem cometido o crime) são comuns nesses programas. essas práticas são vistas nos jornais impressos através da utilização de palavras que aproximem o sentimento do leitor para com a ação criminoso. São gírias e expressões populares que, sobretudo, criam intimidade e vínculo do leitor com o jornal. O criminoso é sempre passível de agressões verbais, de descrença no seu discurso, já que ele não tem o direito de se defender.

  • Fator de risco

    Esta é uma prática em conjunto com algumagressões, já que o agredido pode se tornar um violento agressor. Destaca-se neste quadro as práticas de bullyingas ações de violência contra o indivíduo que, assim, torna-se um agressor em potencial. Deve-se ter cuidado com as ações agressivas contra pessoas caracterizadas (estigmatizadas) socialmente como frágeis,  tímidas, retraídas, para que, no futuro, estas mesmas pessoas não se tornem agressores cruéis contra os seus algozes. Neste caso, existe uma conjunção de iniciativas por controle social, por caracterização de estigma, para que não haja possibilidade de agressão no futuro.

  • Culpa ou heroísmo do Estado

    Há sempre quem culpar ou engrandecer em relação às ações que interferem no cotidiano da sociedade. E a culpa sempre recai nos governantes, principais responsáveis pela sociedade e pela manutenção da ordem. De acordo com o contexto e com a linha editorial do veículo, esta pode ser uma prática reversa: a Estado é o grande responsável pelas ações de resolução social. Frequentemente, os programas popularescos, por exemplo, tendem a agir culpabilizando o Estado, para que emerjam como verdadeiros representantes dos interesses do público.

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